É urgente catolicizar (ou recatolicizar) as escolas e universidades confessionais
Ao constante e sutil ataque de todos os dias, perpetrado contra os valores cristãos em universidades e escolas católicas, a Arquidiocese de São Paulo agora contra-ataca, no sentido cavalheiresco do termo, é claro, isto é, utilizando da evangélica correção fraterna. Na verdade, a recente criação do Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade representa tão só a retomada do exercício de um direito legítimo e impostergável da Igreja, vale dizer, preservar a confessionalidade nas suas instituições de ensino. Eis, a propósito, o que preceitua um dos objetivos do nupérrimo apostolado: “Valorizar a identidade e a missão própria das instituições de educação e de ensino superior ligadas à Igreja católica, bem como a presença pública da educação católica.” Tal proposição está em congruência com o que reza o artigo 5.º das Diretrizes e Normas para as Universidades Católicas no Brasil (Doc. 64; CNBB): “Missão da universidade católica é servir à humanidade e à Igreja, garantindo, de forma permanente e institucional, a presença da mensagem de Cristo, luz dos povos, centro e fim da criação, no mundo científico e cultural (…).” Demais, estatui a constituição apostólica “Ex Corde Ecclesiae”, a lei canônica que disciplina as universidades católicas, que uma das características essenciais dessa espécie de instituição de ensino consiste na “fidelidade à mensagem cristã tal como é apresentada pela Igreja” (13, 3).
Tomemos, nada obstante, o caso da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Esta veneranda entidade de educação de terceiro grau, com diversos cursos de alto nível, como, por exemplo, a faculdade de direito, desafortunadamente ainda claudica em estabelecer uma simbiose perfeita entre a ciência e a fé. Motivo: o despreparo dos docentes na doutrina católica, sobremaneira na chamada doutrina social. Mas, há, ainda, outra razão mais importante: a ideologia esquerdista, ou o denominado marxismo cultural, o qual viceja em certos ambientes e se erige numa genuína liça, às vezes subliminar, às vezes declarada, empenhando-se por destruir e ridicularizar o ensinamento ético de uma pessoa jurídica (“pessoa moral”, canonicamente falando) – a única da Terra – que tem dois mil anos de existência e, com justiça, é alcunhada de “perita em humanidades” (Populorum Progressio, n. 13), porquanto há vinte séculos a Igreja católica se debruça sobre os problemas do ser humano. Será que esse incomparável tirocínio não lhe dá o direito de expor suas ideias, mormente em sua própria casa?
Quem lê a exortação apostólica “Evangelii Gaudium”, do papa Francisco, logo se dá conta de que a prioridade desse pontificado parece não ser precisamente a questão doutrinária ou moral, temática caríssima para Bento XVI. Sem embargo, na mencionada exortação apenas nos é possível vislumbrar uma parcela da alma de Francisco, pois o santo padre procurou reproduzir no texto o pensamento dos prelados que se reuniram em Roma para o sínodo sobre a evangelização. Esperemos que Francisco em breve redija uma encíclica integralmente sua, a fim de dizer a que veio. De qualquer modo, o novel vicariato não deixa de atender a um clamor do papa Francisco, para que a Igreja se aproxime mais dos jovens, inculcando-lhes os valores do evangelho de Jesus.
Esse contra-ataque, na acepção caridosa do vocábulo, vez que a Igreja repugna todo jaez de violência, implicará enormes esforços e coragem da parte de padres e leigos que anseiam por resgatar a catolicidade nas escolas e universidades sob a jurisdição da Arquidiocese de São Paulo. Valerá decerto a pena, uma vez que se voltará a ofertar aos jovens estudantes a maravilhosa e esperançosa visão católica de mundo.
A arquidiocese reagiu serodiamente? Talvez! Porém, conforme diziam os latinos, “utilius tarde quam nunquam”! Entretanto, para coordenar essa nobilíssima tarefa de catolicizar (ou recatolicizar) as instituições educacionais que se situam sob os auspícios da Arquidiocese de São Paulo, escolheu-se um bispo egresso do Opus Dei, uma prelazia da Igreja reconhecidamente comprometida com a sã doutrina católica apostólica romana. Ótimo sinal!
Edson Sampel
Fonte: http://www.zenit.org/pt/articles/a-igreja-contra-ataca
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