I semana do Saltério
cor roxo
A vossa libertação está próxima.
29 de Novembro de 2015
I DOMINGO DO ADVENTO
(Roxo, Creio, Prefácio do Advento I I Semana do saltério)
Introdução geral
O primeiro domingo do Advento abre a perspectiva da segunda vinda do Senhor. Ela virá com toda a certeza e marcará a libertação total daqueles que aceitaram a Palavra de Jesus e viveram na vigilância, na oração (evangelho), dando frutos do amor plantado em seus corações pelo próprio Deus (segunda leitura). Assim se cumpre, de modo inusitado, a palavra de Jeremias (primeira leitura), a qual anuncia a vinda de um rei justo, que conduzirá o povo eleito à sua plena realização.
Antífona de entrada:
A vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não seja envergonhado! Não se riam de mim meus inimigos, pois não será desiludido quem em vós espera (Sl 24,1ss).
Oração do dia
Ó Deus todo-poderoso, concedei a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
II. Textos Bíblicos
1ª Leitura (Jeremias 33,14-16)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
33 14 “Eis que outros dias virão.
15 E nesses dias e nesses tempos farei nascer de Davi um rebento justo que exercerá o direito e a eqüidade na terra.
16 Naqueles dias e naqueles tempos viverá Jerusalém em segurança e será chamada Javé-nossa-justiça”.
Palavra do Senhor.
Salmo responsorial 24/25
Senhor meu Deus, a vós elevo a minha alma!
Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos
e fazei-me conhecer a vossa estrada!
Vossa verdade me oriente e me conduza,
porque sois o Deus da minha salvação!
O Senhor é piedade e retidão
e reconduz ao bom caminho os pecadores.
Ele dirige os humildes na justiça,
e aos pobres ele ensina o seu caminho.
Verdade e amor são os caminhos do Senhor
para quem guarda sua aliança e seus preceitos.
O Senhor se torna íntimo aos que o temem
e lhes dá a conhecer sua aliança.
2° Leitura (1 Tessalonicenses 3,12-4,2)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Tessalonicenses.
3 12 Que o Senhor vos faça crescer e avantajar na caridade mútua e para com todos os homens, como é o nosso amor para convosco.
13 Que ele confirme os vossos corações, e os torne irrepreensíveis e santos na presença de Deus, nosso Pai, por ocasião da vinda de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos!
4 1 No mais, irmãos, aprendestes de nós a maneira como deveis proceder para agradar a Deus - e já o fazeis. Rogamo-vos, pois, e vos exortamos no Senhor Jesus a que progridais sempre mais.
2 Pois conheceis que preceitos vos demos da parte do Senhor Jesus.
Palavra do Senhor.
Evangelho (Lucas 21,25-28.34-36)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei! (Sl 84,8)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
21 25 Disse Jesus a seus discípulos: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas.
26 Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas.
27 Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade.
28 Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação.
34 Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso.
35 Como um laço cairá sobre aqueles que habitam a face de toda a terra.
36 Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem”.
Palavra da Salvação.
III. Comentário dos textos bíblicos:
1ª Leitura (Jeremias 33,14-16)
O texto de Jeremias apresenta um oráculo de salvação que será a realização plena da promessa de Deus. Este oráculo tem dois componentes:
- a) Deus suscitará um rei da dinastia davídica. Numa época em que já não há monarquia em Jerusalém, espera-se, com base na promessa feita a Davi (cf. 2Sm 7,12-16), a restauração da realeza em Jerusalém. Mas, diferentemente de tantos monarcas que haviam reinado na cidade santa, particularmente nos últimos tempos antes da invasão babilônica, esse novo rei realizará a vontade de Deus, estabelecendo o direito e a justiça, ou seja, a vida conforme os mandamentos.
- b) O país entrará numa nova situação. Judá e sua capital, Jerusalém, estarão livres de qualquer ameaça estrangeira, não mais sujeitas à destruição. Assim todo o povo reconhecerá que Deus age em seu favor. Ele é sua justiça, ele é quem realiza a reta ordem na história universal e no interior do povo eleito, garantindo a observância de sua vontade, expressa na Lei.
No Novo Testamento, o rei suscitado por Deus que restabelece a justiça é Jesus. Não mais numa monarquia terrestre, em Jerusalém, mas num domínio que a ultrapassa e se estende a todos os povos. Ele o faz já inicialmente em sua vida terrena; realiza-o na sua cruz e ressurreição; e o consuma na sua segunda vida, quando virá com “poder e grande glória” (Lc 21,27). O novo povo de Deus recebe, por meio dele, a garantia de participar da nova época salvífica (cf. Lc 21,28).
2° Leitura (1 Tessalonicenses 3,12-4,2)
O texto litúrgico se inicia com uma oração do Apóstolo (3,12-13). Ela expressa suas expectativas, que simultaneamente são orientações de vida para os cristãos. Dois elementos são mencionados: o amor e a santidade.
O Apóstolo ora em primeiro lugar para que o Senhor faça crescer o amor, primeiramente entre os irmãos, mas também para com os que não pertencem à comunidade cristã. Trata-se de uma atitude que os cristãos devem desenvolver; sua fonte, porém, é o próprio Deus: é ele quem o faz crescer. O amor deve ser realizado concretamente no trato cotidiano, mas isso só ocorrerá se cada um estiver aberto a recebê-lo de Deus. Então, sim, poderá transbordá-lo para os outros. É o que diz em outras passagens são Paulo: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações…” (Rm 5,5); e “Aprendestes pessoalmente de Deus a amar-vos mutuamente” (1Ts 4,9).
O segundo elemento, a santidade, não é um algo a mais ao lado do amor, mas designa a mesma realidade, embora de modo mais abrangente. A santidade não consiste simplesmente em comportamentos segundo a moral, mas segundo a vivência do amor. Tendo o cristão crescido no amor, Jesus confirma seu coração (a sede de sua vida, de sua intelectualidade, moralidade e espiritualidade) na participação da santidade do Deus que é amor.
Tal confirmação ocorrerá por ocasião da parúsia do Senhor. Será confirmada uma vida já vivida na santidade. O cristão não espera a parúsia de modo descompromissado, mas na tensão de uma vida que vive plenamente o presente com a luz que lhe confere o futuro.
Em sua vinda, Jesus não estará sozinho. Ele virá acompanhado de seus santos, que podem ser aqui os anjos e/ou os fiéis já falecidos. Ele inaugurará nova época da qual participarão todos os que viveram no amor.
O texto litúrgico continua com a exortação do Apóstolo, em tom afetuoso, para que os cristãos não se acomodem, mas vivam sob o olhar de Deus, realizando sua vontade e progredindo nesse caminho. A fonte do amor é Deus (cf. 3,12), mas isso não dispensa o empenho pessoal.
Evangelho (Lucas 21,25-28.34-36)
Após anunciar a queda de Jerusalém (Lc 21,8-24), o discurso escatológico de Jesus abre-se para a consumação final, que virá não só para Jerusalém, mas para todo o orbe (v. 26.35). A consumação final é determinada pela vinda do Filho do homem (v. 27.36) e é precedida por sinais cósmicos (no céu e na terra: v. 25), que revertem a ordem da criação, levam-na ao caos, criando uma situação de grande temor e angústia. Trata-se de um modo de falar que tematiza o futuro desconhecido com base no imaginário conhecido. São imagens utilizadas na apocalíptica e no discurso profético que têm por finalidade mostrar que este mundo, esta história, não tem consistência em si e por si. É a vinda do Filho do homem que põe em xeque toda segurança humana e decide o futuro da humanidade. Retoma-se aqui a visão de Daniel (7,13-14), aplicando-a ao Cristo morto e ressuscitado que virá consumar sua obra e receberá do Pai o domínio universal e o poder de julgar as nações (v. 36).
Opõem-se, no texto, o medo e a angústia das populações em geral e a confiante expectativa dos discípulos (“vós”: v. 28). A vinda do Senhor não será, para estes, motivo de inquietação, mas de alegria. A obra redentora de Jesus já os atinge no hoje histórico, mas sua volta marcará o momento em que já não estarão sujeitos aos percalços da vida, permeada de perseguições (v. 12-16). Os discípulos já não precisarão fugir para escapar de tribulações (v. 21). O desejo, presente em todo ser humano, de ter sua vida histórica totalmente integrada na salvação (cf. Rm 8,23) se realizará. A redenção será então levada à sua plena manifestação. Subentende-se que começará então uma época absolutamente nova.
A vinda do Senhor ocorrerá no “dia” (v. 34). Esse “dia” foi anunciado pelos profetas com variada gama de significados: desde o de juízo para o povo eleito até o de sua restauração definitiva e do aniquilamento dos pagãos. Agora, o “dia” é marcado pela ação do Filho do homem, que virá para julgar. Sua realização é absolutamente certa, mas sua expectativa não pode ser determinada com base num calendário do qual que se espera o cumprimento. Ela deve ser caracterizada pela atitude de prontidão em relação àquela vinda.
Em Lc 17,22-31, compara-se a atitude errônea diante do dia do Filho do homem com a dos contemporâneos de Noé e Lot, os quais, apesar das admoestações, continuaram sua vida sem atentar para a ameaça que estava por se realizar (o dilúvio e a destruição de Sodoma e Gomorra): “Comiam, bebiam…” (v. 27-28). Contra isso, Lc 21,34.36 exorta os fiéis a não se deixarem tomar pelas inquietações do dia a dia, esquecendo-se do anúncio de Jesus. “Não dormir, não embriagar-se…” (cf. 1Ts 5,6-7). É preciso manter-se atento, vigilante, plenamente consciente.
Na perspectiva de Lucas, porém, isso não basta. A vigilância deve ser cumprida na oração constante. Vigiando e orando (cf. Lc 22,46, no Getsêmani), o discípulo terá a força para superar as tribulações (v. 25-26), alegrar-se-á pela proximidade da vinda (v. 28) e terá confiança de ser acolhido pelo Filho do homem (v. 36).
O texto mostra, assim, o dia da vinda do Senhor como o dia da grande libertação. Nessa perspectiva, o cristão pode viver com imensa esperança. O futuro trará a plenitude dos dons de Deus e a consumação de toda a sua obra. Essa esperança se expressa então na atitude de permanente atenção e na oração constante. Longe de alienar o discípulo de suas responsabilidades, tal esperança lhe dará a motivação mais profunda e o dinamismo mais produtivo para que ele colabore na construção do Reino, já presente em semente.
IV. Pistas para reflexão
– A santidade é vocação universal (Lumen Gentium, cap. 5). Levo a sério essa vocação? Como vivo o amor (aos irmãos e aos que não pertencem à comunidade) em meio às tensões do cotidiano?
– As preocupações do dia a dia, a busca de bem-estar, de “qualidade de vida”, de sucesso… ocupam minha atenção, de modo a obscurecer a orientação de minha vida para o Senhor?
– Como viver o compromisso cristão neste mundo em atitude de vigilância e oração?
V. Sobre as oferendas
Recebei, Ó Deus, estas oferendas que escolhemos entre os dons que nos destes, e o alimento que hoje concedeis à nossa devoção torne-se prêmio da redenção eterna. Por Cristo, nosso Senhor.
VI. Antífona da comunhão:
O Senhor dará a sua bênção, e nossa terra, o seu fruto (Sl 84,13).
VII. Depois da comunhão
Aproveite-nos, Ó Deus, a participação nos vossos mistérios. Fazei que eles nos ajudem a amar desde agora o que é do céu e, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam. Por Cristo, nosso Senhor.
VIII. Vídeo
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