O viático é o sacramento de
passagem deste mundo para a casa do Pai. Acaba ocupando o lugar da Unção dos
Enfermos.
A igreja antiga dizia que ninguém
pode partir sem receber a última comunhão, mesmo que esteja em pecado mortal.
Relacionavam com a passagem do evangelho de Jo 6, 54, que diz: "quem come
a minha carne e bebe o meu sangue eu o ressuscitarei no último dia". Havia
testemunhos de cristãos que morriam com a comunhão na boca.
I. O VIÁTICO DEPENDE DA
INTERPRETAÇÃO QUE DAMOS À MORTE
a) a morte como páscoa: assim
como foi para o Cristo, uma passagem deste mundo para o Pai. Santo Inácio de
Antioquia se refere a isso dizendo que o sol se põe no Ocidente e nasce na
manhã seguinte no Oriente.
Assim como foi para os hebreus a
libertação do Egito: uma libertação do pecado e da morte e a entrada no país da
liberdade, assim a participação na páscoa de Cristo é a passagem deste mundo ao
Pai em companhia e em comunicação com o Cristo da Páscoa.
O viático marca precisamente o
momento inaugural da páscoa definitiva, manifesta e atualiza a eucaristia, que
é a antecipação sacramental da passagem deste mundo ao Pai em comunhão com o
Cristo na morte, antes que ela ocorra realmente.
Na igreja antiga cobria-se de
branco o moribundo para dar um caráter pascal.
b) a morte como
"agonia"
A morte é também para o cristão
uma "agonia", um combate, o último "round" contra o mal. No
batismo é muito claro esta luta contra o mal.
O viático representa e atualiza a
vitória e o triunfo da morte de Cristo. É a segurança do cristão diante da
insegurança, da angústia.
c) o viático como viagem para a
eternidade
Jesus é apresentado como o piloto
que pilota a nave perigosa, na perigosa travessia que aterrissa no porto da
paz.
É o Bom Pastor que carrega com
carinho suas ovelhas até o redil.
II. ACEITAÇÃO CRISTÃ DA MORTE
Viático:
- deve ser dado quando a morte é iminente;
- quem recebe deve estar lúcido;
- é um abandonar-se nas mãos de Cristo para que o acompanhe à casa do Pai;
- tem uma relação com o batismo = assume a mesma fé professada no batismo pelos pais e padrinhos;
- ninguém sabe a hora = é bom adiantar o viático
- não precisa ser a última comunhão.
Na morte estamos sós, mas ao
mesmo tempo é um acontecimento profundamente comunitário, pois todo o povo está
em marcha, está realizando a Páscoa (passagem).
Os textos litúrgicos falam da
união da igreja do céu com a igreja da terra, que acompanha o cristão no transe
tão decisivo.
O cristão sabe que não enfrenta a
morte solitário, mas como membro de uma comunidade de fé, acompanhado por um
povo imenso.
Logicamente na Eucaristia
aparecerá melhor este caráter comunitário, pois igual à última ceia do Senhor
na véspera de sua morte, como uma comida de despedida que a comunidade oferece
a um de seus membros que parte para a casa do Pai.
Era precisamente este significado
do "viaticum" na antiguidade, um banquete de despedida oferecido a um
e seus membros que sai de viagem.
Neste aspecto o "abraço da
paz" era um abraço de despedida.
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