Aqui vai um rápido lembrete quanto ao uso dos instrumentos musicais na Quaresma e particularmente no Sacratíssimo Tríduo Pascal. As citações são do "Diretório da Liturgia e da organização da Igreja no Brasil" (pp. 63 e 83). Refiro-me à Forma Ordinária do Rito Romano.
- Para a Quaresma: "O toque de instrumentos musicais só é permitido para sustentar o canto. Excetuam-se o Domingo Laetare (4º Domingo da Quaresma), bem como as solenidades e festas".
- Para o Tríduo Pascal: "O órgão ou harmônio toca-se hoje na Missa vespertina até o fim do canto do Glória. Depois não se toca, até o Glória da Missa da Vigília noturna da Ressurreição (a menos que seja para sustentar o canto)".
Observação: A primeira passagem corresponde à Instrução Geral sobre o Missal Romano quanto ao tema. A segunda deve vir da tradição, ainda que não escrita nos livros litúrgicos (até agora eu não a encontrei, nos novos).
Há um problema quanto à interpretação da expressão "sustentar o canto". O que ela realmente quer dizer? Assinalar o tom? Marcar o compasso/tempo?
Acredito que daqui podem aparecer abusos. Lembremos que o Glória da Vigília Pascal só é entoado após a leitura das sete profecias do Antigo Testamento.
Até onde vejo, somente a oração que vem depois do Glória fala claramente da Ressurreição do Senhor, embora tal mistério seja relatado de modo belíssimo na Proclamação da Páscoa e se fale do bem da Redenção nas sete orações precedentes.
Assim, a celebração da luz, a Proclamação e as profecias têm um caráter mistagógico: fazer entrar no mistério desta noite sacrossanta através da leitura da história da salvação na Antiga Aliança à luz do mistério de Cristo.
Na prática: quando se permite o uso do instrumento para sustentar o canto, pode-se tocar para dar o tom, apenas, ou executá-lo com volume baixo e de modo muito simples, o que não significa "toque triste", mas "toque abstinente", se assim posso dizer. Para isso, nos teclados eletrônicos, parece-me indispensável ou pelo menos muito conveniente não usar os ritmos (style).
No Tríduo Pascal realmente se recomenda o não uso dos instrumentos no "silêncio" após o Glória da Ceia até antes do Glória da Vigília.
Também isto ajuda a provar a liberdade dos cantores diante dos instrumentos musicais, tanto para manter-se no tom como para manter-se no tempo.
Luís Augusto - Membro da ARS
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