"Temos o dever de salvaguardar toda a vida humana, sã ou deficiente, com o mesmo compromisso, não deixando para trás ninguém”. A sede da ONU em Nova Iorque acolheu na terça-feira, 16 de fevereiro, uma reunião convocada pelo Presidente de seu Conselho Econômico e Social, para tratar da questão do vírus Zika. O Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, Dom Bernardito Auza solicitou na ocasião, a todos os governos, para colaborarem na luta contra o vírus, possibilitando o acesso à tratamentos adequados das pessoas infectadas, evitando a propagação do pânico e sobretudo, evitando a prática do aborto.
Não abandonar as faixas mais vulneráveis
Não abandonemos os pobres – exortou Dom Auza – “especialmente os anciãos, as crianças e os deficientes”, faixas mais à risco de não terem acesso “aos instrumentos de prevenção, às informações e aos tratamentos médicos”. E entre os mais vulneráveis estão as mulheres grávidas e as crianças em seus ventres. A suposta ligação entre o vírus Zika e patologias nos fetos, representa, de fato, “uma grave preocupação a mais, que merece uma ação concentrada da comunidade internacional”. Por isto – observou – “são necessárias mais pesquisas para determinar a ligação entre o vírus e a microcefalia e a Síndrome de Guillain-Barré”.
Adequada vigilância e não pânico
De qualquer forma, já está claro que nem todas as mulheres grávidas infectadas correm o risco de dar à luz a filhos doentes. Assim, também se aguarda confirmação científica para as hipóteses de que o vírus seja transmissível por via sexual. Neste sentido, é necessária “uma adequada vigilância” e não o “pânico” – sugeriu o Observador Permanente da Santa Sé – referindo-se ao recente chamado por parte de alguns expoentes de governos e também do Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, para liberar as leis sobre o aborto e o acesso à medicamentos abortivos, como instrumento de prevenção de nascimento de crianças doentes.
Aborto, resposta ilegítima
“Uma resposta ilegítima a esta crise” - advertiu Dom Auza – pois colocar fim à vida de uma criança, de forma alguma é uma resposta “preventiva”. “A promoção de uma política assim radical – estigmatizou o prelado – é a confirmação de um fracasso da comunidade internacional em deter a difusão da doença e desenvolver e fornecer os tratamentos médicos dos quais tem necessidade as mulheres grávidas e as suas crianças, para evitar patologias no nascimento ou atenuar os seus efeitos e levar a gravidez ao seu fim”.
Salvaguardar a vida humana
O prelado concluiu seu pronunciamento, evocando “o dever de salvaguardar toda a vida humana, sã ou deficiente, com o mesmo compromisso, não deixando para trás ninguém”.
Foto: Reuters
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