O objetivo da Missa com crianças é o de conduzi-las a uma participação ativa, consciente, comunitária, piedosa, interna e externa na celebração. No sentido de atingir este objetivo, apresentamos algumas sugestões muito concretas.
OS MINISTÉRIOS
Se na Missa com adultos já se recomenda o desempenho de alguns ministérios pelas crianças, aqui mais claramente aparece como evidente esta participação ministerial.
(A) Notem-se alguns destes ministérios:
(A) Notem-se alguns destes ministérios:
- preparar o altar;
- cantar;
- tocar instrumentos musicais;
- proclamar as leituras;
- dialogar na homilia (se convocados);
- oferecer os dons no ofertório;
- etc..
O padre que preside à Missa com crianças (não para as crianças) dever ter qualidades especiais e dominar alguns princípios de psicologia pastoral:
- o seu modo de atuar e de falar deve ser digno, claro e simples,
- criando um clima de festa, fraternidade e meditação,
- tornando inteligível a sua linguagem,
- e adaptando as orações e comentários (sem infantilismos).
CANTO E MÚSICA
Entre os diversos cantos da missa dê-se prioridade às aclamações, sobretudo as da Oração Eucarística. Os cânticos de outros momentos da celebração devem ser igualmente breves, com qualidade (em letra e música). Os cantos do Glória, Credo, Santo e Cordeiro podem ser ter uma letra adaptada e adequada.
Pode ainda utilizar-se a música instrumental e o uso de instrumentos, sobretudo se tocados pelas próprias crianças (em ordem à participação ativa e interna.
GESTOS, MOVIMENTO E IMAGENS
Devem-se fomentar os gestos, o movimento e a criatividade visual nas Missas com crianças, a partir de duas razões fundamentais: 1) a natureza própria da Liturgia, que é “ação do homem todo” e não só da inteligência e da vontade: a Liturgia usa por natureza que lhe é própria os sinais e os gestos simbólicos; 2) a psicologia das crianças que, mais que os adultos, sabem e necessitam de expressarem-se com gestos, movimentos e imagens.
Haverá que fazer uma Catequese sobre os gestos e sinais clássicos da celebração eucarística, como a fração do pão, a utilização do pão e do vinho, os gestos das mãos, etc..
No que toca a movimentação deve ser observada assinala a importância da participação das crianças na procissão de entrada, na procissão do evangelho, na procissão do ofertório e na procissão para a comunhão.
A Liturgia não deverá nunca aparecer como algo árido e puramente conceitual. Assim, e porque a Liturgia afeta todos os sentidos e ainda que prevaleça a Palavra ouvida e proclamada, devemos abrir a porta da criatividade visual. Ao longo do Ano Litúrgico, podem e devem valorizar-se os símbolos, sinais, ornamentos e cores próprias de cada tempo.
Devemos reconhecer ainda a utilidade do uso de imagens preparadas para ilustrar a homilia, a mensagem central das leituras, ou as intenções da Oração dos Fiéis. Neste âmbito parecem legitimar-se também o uso de diapositivos e imagens de vídeo, desde que devidamente contextualizadas e integradoras na celebração e não substituam ou diminuam a importância da Palavra.
A PALAVRA DE DEUS
A Palavra de Deus não se proclama para entreter, ou como relato piedoso ou como catequese sistemática. É “celebrada”, com atitude de fé, com canto, com meditação, com a consciência de que Deus nos fala hoje e aqui. Não se trata de nos colocarmos diante da Palavra como diante duma lição ou tema de estudo, mas diante uma Pessoa que nos fala, que tem tempo para nós, que nos interpela e nos anuncia o Seu amor e o Seu plano de salvação.
É com este objetivo final que se pode permitir e sugerir algumas adaptações:
- a redução do número de leituras: podem suprimir-se uma ou duas leituras, mas nunca o Evangelho (e nunca suprimir as duas primeiras por hábito ou sistema);
- a substituição das leituras do “dia” respectivo por outras que pareçam mais convenientes num momento determinado (desde que não seja Domingo ou Festa de Guarda);
- a recusa da tentação de adotar sempre leituras breves (um texto breve nem sempre é o mais inteligível). O princípio seria: “tudo depende do proveito espiritual que a leitura possa proporcionar-lhes”;
- a recusa da tentação de paralela e simultaneamente ir explicando o texto bíblico (há o perigo da confusão entre o que diz a Palavra e o que dizemos nós; para superar esta dificuldade usem-se traduções pedagogicamente preparadas e adaptadas).
No canto entre as leituras, permitem-se também algumas adaptações:
- no caso do salmo, escolha-se salmo e melodia simples, mas que seja de verdade um salmo e não um canto qualquer; que se cante pelo menos o refrão e que seja ressonância do tema central da primeira leitura escolhida; no caso de ser impossível encontrar nenhum salmo ou refrão, pode cantar-se outro canto a como salmo, mas com intenção (melódica e textual) de aprofundar o tema da leitura anterior;
- sugere-se o canto do “Aleluia com versículo” (embora nos pareça legítimo suprimir o versículo já que o Aleluia é canto de aclamação e não de meditação);
- sugere-se que, uma vez por outra, depois da primeira leitura se siga um momento de silêncio;
- sugere-se ainda que se prepare um canto adequado para depois da homilia.
- A Palavra de Deus não atua sempre automaticamente. É preciso “ajudar” a Palavra (como se pode inferir da parábola do semeador). O Missal oferece alguns recursos (pedagógicos) para a Missa com crianças:
- o comentário antes da proclamação da leitura (a modo de apresentação e ambientação);
- a leitura “dialogada”.
Outras ajudas pedagógicas podem ser:
- o cuidar do lugar da proclamação (o ambão e o livro);
- a procissão para o Evangelho;
- uma boa proclamação: preparada, serena, expressiva;
- uma encenação: sóbria, que não necessite demasiada preparação nem aparato;
- a meditação (e/ou homilia) com imagens que ajudem à compreensão da leitura;
A Homilia não deve faltar nunca na Missa com crianças. Uma nota apenas: a homilia, na Missa com crianças pode ser dialogada.
AS GRANDES ATITUDES DA EUCARISTIA
A iniciação eucarística supõe a introdução às grandes atitudes que constituem o conteúdo da Eucaristia e que são:
a) REUNIMO-NOS com outros para celebrar;
b) ESCUTAMOS A PALAVRA que Deus nos dirige;
c) DAMOS GRAÇAS e bendizemos a Deus;
d) RECORDAMOS E OFERECEMOS o sacrifício de Cristo na cruz (a Eucaristia é memorial da Morte Pascal de Cristo. As crianças sabem o que é oferecer, e podem passar, com a oportuna orientação, do terreno familiar e social ao eucarístico);
e) COMEMOS E BEBEMOS juntos a Eucaristia;
f) DESPEDIMO-NOS mais comprometidos com Cristo e com os outros.
Em síntese, a meta da educação eucarística não é para a sua Missa, mas para a Missa da Comunidade e a pertença à Igreja. Esta educação será progressiva e abarcará o ambiente (mais amável, mais acolhedor, próximo, festivo), a pessoa do presidente, a linguagem das orações, a valorização do audiovisual. Esta adaptação psicológica suporá uma simplificação de alguns elementos (reduzir leituras, omitir algum rito de entrada, etc.,); e, sobretudo buscará uma participação mais ativa (na homilia, nas aclamações, no canto e nos ministérios...).
PARA SABER MAIS
- LIGADAS, Josep — La Eucaristia com los niños, CPL, Barcelona 1993.
- LOZANO, Isidro e ANDIÓN, Juan — Celebraciones com niños, editorial CCS, Madrid, 1996.
- ALDAZÁBAL, José — Celebrar la Eucaristía con niños, Dossier CPL 20, Barcelona, 1997
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