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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

O ANO LITÚRGICO

A liturgia é a celebração do Mistério Pascal de Cristo. Em volta desse núcleo fundamental da nossa fé, celebramos no Ano Litúrgico a memória do Ressuscitado na vida de cada pessoa e de cada comunidade.

O Ano Litúrgico “revela todo mistério de Cristo no decorrer do ano, desde a Encarnação e Nascimento até à Ascensão, ao Pentecostes e à expectativa da feliz esperança na vinda do Senhor” (SC, n° 102). Ele assim nos propõe um caminho espiritual, ou seja, a vivência da graça própria de cada aspecto do mistério de Cristo, presente e operante nas diversas festas e nos diversos tempos litúrgicos (cf. NALC, n° 1).

1. A Liturgia nos ritmos do tempo

O Ano Litúrgico não apenas recorda as ações de Jesus Cristo nem somente renova a lembrança de ações passadas, mas sua celebração tem força sacramental e especial eficácia para alimentar a vida cristã. Por isso, o Ano Litúrgico é sacramentado e, assim, torna-se um caminho pedagógico-espiritual nos ritmos do tempo.

Como a vida, a liturgia segue um ritmo que garante a repetição, característica da ação memorial. Repetindo, a Igreja guarda a sua identidade. Para fazer memória do mistério, a liturgia se utiliza de três ritmos diferentes: o ritmo diário, alternando trabalho e descanso, ação e celebração; o ritmo anual, alternando o ciclo das estações e a sucessão dos anos.

1.1. O ritmo diário

Acompanhando o caminho do sol, que é símbolo de Cristo, o povo de Deus faz memória de Jesus Cristo, nas horas do dia, pela celebração do Ofício Divino. – Daí o nome “Liturgia das Horas”. De tarde, o sol poente evoca o mistério da morte, na esperança da ressurreição. De manhã, o sol nascente evoca o mistério da ressurreição, novo dia para a humanidade. De noite, nas vigílias, principalmente na de sábado à noite, que inicia o domingo, dia da ressurreição, celebramos em espera vigilante o mistério da volta do Senhor. Em algum outro momento do dia ou da noite, rezamos o “Ofício das Leituras”. E, em qualquer hora do dia, celebramos a Eucaristia, que abrange a totalidade do tempo.

Com hinos, salmos e cânticos bíblicos, com leituras próprias, com preces de louvor e de súplica, celebramos o mistério pascal do Cristo. Como toda a liturgia, o Ofício acompanha o Ano Litúrgico, expressa nosso caminhar pascal, do nascimento à morte e ressurreição, do advento à segunda vinda gloriosa de Cristo.

Como oração do povo de Deus, verdadeira ação litúrgica, o Ofício Divino é excelente escola e referência fundamental para nossa oração individual. Os ministros ordenados e religiosos assumem publicamente o compromisso de celebrarem a Liturgia das Horas nas principais horas do dia. Os fiéis leigos também são convidados a celebrá-la, individual ou comunitariamente. Podem fazê-lo seguindo o roteiro simples e adaptado proposto pelo Ofício Divino das Comunidades, que conserva a teologia e a estrutura da Liturgia das Horas.

Incentivem-se também outras formas de oração comunitária da Igreja, por exemplo, Ofícios Breves adaptados, Celebrações da Palavra de Deus, Horas Santas, Ladainhas, Ângelus, Via-Sacra e Rosário comunitário.

“O dia litúrgico se estende da meia-noite à meia-noite. A celebração do domingo e das solenidades começa, porém, com as Vésperas do dia precedente” (NALC, n° 3).

1.2. O ritmo semanal

O ritmo semanal é marcado pelo domingo, o dia em que o Senhor se manifestou ressuscitado (cf. Mc 16,2; Lc 24,1: Mt 28,1; Jo 20,1).

A história do domingo nasce na cruz e na ressurreição de Jesus. No primeiro dia da semana, quando as mulheres foram para embalsamar seu corpo, já não o encontraram mais. No domingo, Jesus apareceu vivo a vários discípulos, sozinhos, ou reunidos; comeu e bebeu com eles e falou-lhes do Reino de Deus e da missão que tinham que levar adiante (Mt, 28,5-9; Lc 24,13-49; Mc 16,14; Jo 20,11-18; 20,24-29; Ap 1,10). O dia de pentecostes, vinda do Espirito Santo, também aconteceu no domingo (At 2,1-11).

“Por tradição apostólica que tem sua origem do dia mesmo da ressurreição de Cristo, a Igreja celebra cada oitavo dia o mistério pascal, naquele que se chama justamente dia do Senhor ou domingo. Neste dia, pois, devem os fiéis reunir-se em assembleia para ouvir a palavra de Deus e participarem da eucaristia, e assim recordarem a paixão, ressurreição e glória do Senhor Jesus e darem graças a Deus que os “gerou de novo pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos para uma esperança viva (1Pd 1,3). O domingo é, pois, o principal dia de festa que deve ser lembrado e inculcado à piedade dos fiéis; seja também o dia da alegria e da abstenção do trabalho. As outras celebrações não lhe sejam antepostas, a não ser as de máxima importância, porque o domingo é o fundamento e o núcleo do ano litúrgico” (SC, n°106).

O domingo, conforme rezamos no Prefácio IX dos domingos do Tempo Comum, é o dia em que a família de Deus se reúne para “escutar a Palavra e repartir o Pão consagrado, recordar a ressurreição do Senhor na esperança de ver o dia sem ocaso, quando a humanidade inteira repousar diante do Pai”.

São João Paulo II, na Carta Apostólica sobre o domingo (Dies Domine), apresenta as cinco características deste dia: Dia do Senhor, Dia de Cristo, Dia da Igreja, Dia do Homem e Dia dos Dias. O mesmo Papa nos pede, na Carta Apostólica Mane Nobiscum Domine, que demos “uma atenção ainda maior à missa dominical, como celebração na qual a comunidade paroquial se reencontra em coro, vendo comumente participantes também os vários grupos, movimentos, associações nela presentes” (MND, n° 23).

“Por causa de sua especial importância, o domingo só cede sua celebração às solenidades e festas do Senhor. Os domingos do Advento, da Quaresma e da Pascoa gozam de precedência sobre todas as festas do Senhor e todas as solenidades. As solenidades que ocorrem nestes domingos são transferidas para a segunda-feira seguinte” (NALC n° 5).

O Domingo exclui, por sua natureza própria, a fixação definitiva de qualquer outra celebração. São exceções somente as festas da Sagrada Família, do Batismo do Senhor, da Santíssima Trindade, de Jesus Cristo Rei do Universo, a comemoração de todos os fieis defuntos, e, no Brasil, as solenidades de S. Pedro e S. Paulo, da Assunção de Nossa Senhora e de Todos os Santos.

Os dias que seguem o domingo, chamados dias de semana ou férias, celebram-se de diversos modos, segundo a importância própria (cf. NALC, n° 16). Para não repetir as orações das missas do domingo, é conveniente que, no Tempo Comum, e não havendo celebração especial, se utilize nesses dias também os formulários das Missas votivas e para diversas circunstancias.

1.3. O ritmo anual

O Ano Litúrgico compreende dois tempos fortes: o Ciclo Pascal, tendo como centro o Tríduo Pascal, a Quaresma como preparação e o Tempo Pascal como prolongamento; o Ciclo do Natal, com sua preparação no Advento e o seu prolongamento até a festa do Batismo do Senhor. Além destes dois, temos o Tempo Comum.
  • a) Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor – Começa na 5° feira à noite com a Missa da Ceia (depois do pôr do sol) até a tarde do domingo da Páscoa da ressurreição com as Vésperas. É o ápice do ano litúrgico porque celebra a Morte e a Ressurreição do Senhor, “quando Cristo realizou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus pelo seu mistério pascal, quando morrendo destruiu a nossa morte e ressuscitando renovou a vida’ (NALC, n° 18).
  • b) Tempo Pascal – os 50 dias entre o domingo de Ressurreição e o domingo de Pentecostes. É o tempo da alegria e da exultação, um só dia de festa, um grande domingo” (cf. NALC, n°22). São dias de Páscoa e não após a Páscoa. “Os oito primeiros dias do tempo pascal formam a oitava da Páscoa e são celebrados como solenidades do Senhor” (NALC, n° 24). A festa da Ascenção é celebrada no Brasil no 7° domingo da Páscoa. A semana seguinte, até Pentecostes, caracteriza-se pela preparação à celebração da vinda do Espirito Santo. Em sintonia com as outras Igrejas cristãs, no Brasil, realizamos nesta semana a “Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos”. Recomenda-se para esta ocasião orações durante a missa, sobretudo na oração dos fiés, e oportunamente a celebração da missa votiva pela unidade da Igreja (cf. Diretório Ecumênico, n° 22 e 24).
  • c) Tempo da quaresma – da 4° feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive. É o tempo para preparar a celebração da Páscoa. “Tanto na liturgia quanto na catequese litúrgica esclareça-se melhor a dupla índole do tempo quaresmal que, principalmente pela lembrança ou preparação do Batismo e pela penitência, fazendo os fiés ouvirem com mais frequência a palavra de Deus e entregar-se à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal” (SC, n° 109).
  • d) Tempo do Natal – das primeiras vésperas do Natal do Senhor até a festa do Batismo do Senhor. É a comemoração do nascimento do senhor, em que celebramos a “troca de dons entre o céus e a terra”, pedindo que possamos “participar da divindade daquele que uniu ao Pai a nossa humanidade”. Na Epifania, celebramos a manifestação de Jesus Cristo, Filho de Deus, “luz para iluminar todos os povos no caminho da salvação”.
  • e) Tempo do Advento – das primeiras vésperas do domingo que cai no dia 30 de novembro ou no domingo que lhe fica mais próximo, até antes das primeiras vésperas do Natal do Senhor. “O tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa” (NALC, n° 39).
  • f) Tempo Comum - começa no dia seguinte à celebração da festa do Batismo do senhor e se estende até a terça-feira antes da Quaresma, inclusive. Recomeça na segunda-feira depois do domingo de Pentecostes e termina antes das Primeiras Vésperas do 1° domingo do Advento (cf. NALC, n° 44). A tônica dos 33 (ou 34) domingos é dada pela leitura contínua do Evangelho. Cada texto do evangelho proclamado nos coloca no seguimento de Jesus Cristo, desde o chamamento dos discípulos até os ensinamentos a respeito dos fins dos tempos. Neste tempo, temos também as festas do Senhor e a comemoração das testemunhas do mistério pascal (Maria, apóstolos e Evangelistas, demais Santos e Santas).
  • g) As rogações e as quatro Têmporas – em cada estação do ano, a Igreja dedica um ou vários dias de preces, jejuns e penitência para rogar ao Senhor por diversas necessidades, principalmente pelos frutos da terra e pelo trabalho humano, render-lhe graças publicamente (cf. NALC, n° 45).
Estas celebrações têm origem nas festas de semeadura e nas festas da colheita. Apesar de sua origem agrária, elas não deixam de ter sentido nos tempos atuais, por causa da crescente consciência ecológica do mundo moderno. Conforme decisão da CNBB, na sua XII Assembleia Geral, em 1971, a regulamentação da celebração das Têmporas e rogações fica a critério dos Conselhos Episcopais Regionais. Para tais celebrações, pode-se escolher as mais adequadas entre as Missas para diversas circunstancias (cf. Comunicado Mensal, n° 221-222 (1971), p. 136).

2. As solenidades, festas e memórias

As Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário Romano (NALC), promulgadas por Paulo VI, em 1969, distinguem os dias litúrgicos, segundo sua importância, em Solenidade, festa e Memória (NALC, n° 10).

2.1. As solenidades

“As solenidades são constituídas pelos dias mais importantes, cuja celebração começa no dia precedente com as Primeiras Vésperas. Algumas solenidades são também enriquecidas com uma Missa própria para a Vigília, que deve ser usada na véspera quando houver Missa vespertina” (NALC n° 11). Estas celebrações têm orações, leituras e cantos próprios ou retirados do Comum.

2.2. As festas

“As festas celebram-se nos limites do dia natural; por isso, não têm Primeiras Vésperas, a não ser que se trate de festas do Senhor que ocorrem nos domingos do Tempo Comum e do Tempo do Natal, cujo Ofício substituem” (NALC, n° 13). Na Missa, as orações, leituras e cantos são próprios ou do Comum. “No Ofício das Leituras, nas Laudes e Vésperas, tudo é feito como nas solenidades” (IGLH n° 231).

2.3. As memórias

A memória é uma recordação de um ou vários santos ou santas em dia de semana. Sua celebração se harmoniza com a celebração do dia de semana ocorrente, segundo as normas expostas na instituição Geral sobre o Missal Romano e a Liturgia das Horas (cf. NALC, n° 14).

As memórias são obrigatórias ou facultativas. A única diferença entre os dois tipos de memória é que as memórias obrigatórias (como seu nome sugere) devem necessariamente ser celebradas e as memórias facultativas podem ser celebradas ou omitidas, segundo se considere oportuno. Quanto ao modo de celebrá-las, procede-se da mesma maneira em ambos os casos.

“Nos sábados do Tempo Comum, não ocorrendo memória obrigatória, pode-se celebrar a memória facultativa da Santa Virgem Maria” (NALC, n° 15).

“No Oficio das Leituras, nas Laudes e Vésperas:
  • a) Os salmos com suas antífonas são tomados do dia da semana corrente, a não ser que haja antífonas próprias ou salmos próprios que são indicados em cada caso;
  • b) A antífona do Invitatório, o hino, a leitura breve, a antífona Benedictus e do Magnificat e as preces, sendo próprios, se dizem do Santo; caso contrário, se dizem do Comum ou do dia da semana corrente;
  • c) A oração conclusiva se diz do Santo;
  • d) No Oficio das Leituras, a leitura bíblica com seu responsório é da Escritura corrente. A segunda leitura é hagiográfica, com o responsório próprio ou do Comum; na falta de leitura própria, lê-se a respectiva leitura patrística do dia. Não se diz o "Te Deum” (IGLH, n° 235).
“Se, no mesmo dia, ocorrem no calendário varias memórias facultativas, celebra-se apenas uma, omitindo-se as outras” (NALC, n° 14).

2.4. Comemorações

As memórias obrigatórias, que ocorrem nos dias de semana da Quaresma e nos dias 17 e 24 de dezembro, podem ser celebradas como memórias facultativas. Neste caso, são chamadas simplesmente de comemoração.

A celebração de todos os fiéis defuntos, por não ter caráter de solenidade, festa ou memória propriamente ditas, é chamada pela Igreja de Comemoração. Trata-se de uma Comemoração muito especial, celebrada mesmo quando ocorre domingo.


3. Indicações particulares

3.1. Os Lecionários

No Brasil temos publicados todos os Lecionários: o Lecionário I – Dominical, que contém as leituras dos três ciclos A, B e C; o Lecionário II – Semanal, que contém as leituras para os dias da semana, para os anos pares e ímpares e o Lecionário III – para as Missas dos Santos, dos comuns, para diversas necessidades e votivas. Além deles, existe o Evangeliário, o livro dos Evangelhos que, por sua importância, diferencia-se dos livros das leituras, recomendado que seja bem adornado e utilizado “nas catedrais, nas paróquias e igrejas maiores e mais concorridas” (OLM, n° 36).

“Os livros de onde se tiram as leituras da palavra de Deus, assim como os ministros, as atitudes, os lugares e demais coisas, lembram aos fiéis a presença de Deus que fala a seu povo. Portanto, é preciso procurar que os próprios livros, que são sinais e símbolos das realidades do alto na ação litúrgica, sejam verdadeiramente dignos, decorosos e belos” (OLM, n° 35).

“Os livros das leituras que se utilizam na celebração, pela dignidade que a palavra de Deus exige, não devem ser substituídos por outros subsídios de ordem pastoral” (OLM, n° 37).

3.2 Dias santos de guarda

“Dias de festa”, “dias de preceito”, “festas de preceito” ou, como se diz, “dias santos de guarda”, são dias em que “os fiéis têm obrigação de participar da Missa e devem abster-se das atividades e negócios que impeçam o culto a ser prestado a Deus, a alegria própria do Dia do Senhor e o devido descanso do corpo e da alma” (cân. 1247).

O domingo é o dia de festa por excelência, em toda a Igreja. No Brasil, além do domingo, as festas de preceito são as seguintes: Natal do Senhor Jesus Cristo (25 de dezembro); SS. Corpo e Sangue de Cristo (quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade); Santa Maria Mãe de Deus (1° de janeiro); Imaculada Conceição de Nossa Senhora (8 de dezembro).

As celebrações da Epifania, da Ascensão, da Assunção de Nossa Senhora, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e de todos os Santos ficam transferidas para domingo, de acordo com as normas litúrgicas.

3.3 Transferência para os domingos do Tempo Comum de celebrações que ocorrem num dia da semana

Para promover o bem pastoral dos fiéis, é lícito transferir para os domingos do Tempo Comum as celebrações pelas quais o povo tem grande apreço (p. ex. as festas dos [as] Padroeiros [as]) e que ocorrem durante a semana, contando que, na tabela de precedência, elas se anteponham ao próprio domingo. Estas celebrações podem ser realizadas em todas as Missas celebradas com o povo (cf. NALC, n° 58).

3.4. Cumprimento do dever pascal
O tempo útil para o cumprimento do dever pascal, em conformidade com o Código de Direito Canônico (cf. Cân. 902, 2), é o próprio ciclo pascal, isto é, desde a Quinta-feira Santa até o domingo de Pentecostes. Por justa causa, este preceito pode ser cumprido em outro tempo dentro do ano.
3.5. Jejum e abstinência
Estão obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem completado catorze anos de idade; estão obrigados à lei do jejum os maiores de idades (quem completou 18 anos) até os sessenta anos começados. Todavia os pastores de almas e pais cuidem para que sejam formados para o genuíno sentido da penitência também os que não estão obrigados à lei do jejum e da abstinência, em razão da pouca idade (cf. Cân. 1252).
“No Brasil, toda sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com solenidade do calendário litúrgico. Os fiéis nesse dia se abstenham de carne ou outro alimento, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente pela participação nesses dias na Sagrada Liturgia”.
“A comunidade deve celebrar a sua vida na liturgia (...). Mas deve celebrá-la à luz de Jesus Cristo ressuscitado, vivo, presente e atuante na comunidade, e não à luz de um tema, de uma ideia (...). deve celebrar a sua vida, sim, com os problemas que lhe tocam mais perto; mas à luz da palavra viva, como o único tema... E quando não se penetra profundamente na palavra de Deus, na docilidade do Espírito, facilmente pode-se cair na moralização. (...) Assim, o domingo celebra realmente a vida da comunidade, nos seus diversos coloridos, mergulhada na única vida do Ressuscitado que lhe dá vida”.
A liturgia não pode se tornar lugar para discutir soluções e respostas para os problemas que afligem a comunidade. A liturgia “não esgota toda a ação da Igreja” (SC, n° 9). Ela é, sim “o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana a sua força” (SC, n° 10).
A liturgia não é primordialmente o lugar de evangelização e conscientização. Ela “não pode ser aproveitada (usada) quase que exclusivamente para fins que não lhe pertencem. Pois seu objetivo é a celebração da presença viva do mistério da vida. Daí se poderá concluir também que a missa não tem tema. Ela é o tema! Existem coloridos diferentes para a celebração, segundo as “cores” da vida da comunidade. Mas o único tema é sempre o mesmo na diversidade das situações: a luz do mistério pascal nas “coes” diferentes da vida trazida com seu mistério para o encontro da celebração dominical”.
Para dar aos meses e dias temáticos o seu justo lugar, é importante que a Equipe de Pastoral Litúrgica prepare bem a celebração, não reproduzindo apenas o folheto e subsídios oferecidos. Na missa, os “temas” podem ser lembrados no inicio (recordação da vida), na homilia e nas preces dos fiéis.
4. Ocorrência de celebrações litúrgicas

Se ocorrem no mesmo dia várias celebrações, celebra-se a que ocupa um lugar superior na tabela dos dias litúrgicos. Se uma solenidade for impedida por um dia litúrgico que tem precedência sobre ela, transfere-se para o dia mais próximo que estiver livre. Quando no mesmo dia coincidem as Vésperas do Ofício do dia com as Primeiras Vésperas do dia seguinte, rezam-se as Vésperas da celebração que, na tabela dos dias litúrgicos têm precedência; em caso de igualdade, celebram-se as Vésperas do dia.

Fonte: Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja do Brasil (Edições CNBB)

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