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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

VINDE, ADOREMOS!

Muito poderíamos dizer a respeito do mistério desta solenidade que celebramos. Sobretudo, porque somos colocados diante da rica e abundante Palavra de Deus que nos ilumina e nos introduz neste divino mistério que celebramos conjuntamente com a Igreja Celeste, cuja “lâmpada é o Cordeiro”.

Cabe-nos, em primeiro lugar, destacar a origem e o sentido da solenidade que celebramos. A Festa da Epifania surgiu no Oriente, mais ou menos no mesmo período em que surgiu o Natal no Ocidente. As duas festas são aparentadas, porque na sua origem eram destinadas a celebrar o mesmo mistério: o nascimento do Salvador em nossa carne mortal. Hoje, para nós, o Natal celebra e atualiza o nascimento, enquanto a Epifania celebra e atualiza a manifestação do Cristo que nasceu em Belém aos gentios, que são representados nestes magos que visitam o Menino-Deus no presépio.

O Evangelho nos coloca diante da cena dos magos que vêm do Oriente para adorar o Senhor. Guiados por um astro misterioso, são levados em direção ao “Astro que nasce das alturas” (cf. Lc 1,78), em direção Àquele que veio “para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte” (Lc 1,79). Chegando a Herodes, interrogam pelo Messias.

Herodes teme perder o seu trono e planeja antecipar aquilo o que será por outros realizado: a Páscoa do Salvador. Como fala São Leão Magno em seu primeiro sermão sobre a Epifania, “O Senhor do universo não procura um reino temporal, Ele que dá um reino eterno.” E ainda comentando sobre o desejo que nutre Herodes de matar aquele que, embora sendo seu Salvador, ele considera como adversário, diz: “Aquele que nasceu quando quis morrerá conforme a livre disposição da sua vontade.” De fato, como nos ensina São João, ninguém tira a sua vida, mas Ele a dá livremente. Os sumos sacerdotes e doutores da lei orientam os magos a respeito do lugar onde deveria nascer o Messias: em Belém. Os mestres da lei a leem sem compreendê-la. Eles possuem um véu no coração. Orientam os magos, mas não sabem orientar a si mesmos.

Os magos, guiados pela estrela e pela palavra da profecia, chegam até o Messias, e oferecem seus presentes, que são, segundo o mesmo São Leão, “sacramento da sua fé e da sua inteligência”: ouro, porque Ele é o Rei dos Reis; incenso, porque Ele é verdadeiro Deus; mirra, porque se fez verdadeiramente homem e morrerá para a nossa salvação. Aquilo o que compreendemos pela fé está presente de forma sacramental no presente dos magos: Este Menino que nasceu em Belém é homem e é Deus; assumiu a nossa humanidade sem nada perder da sua divindade; Ele é verdadeiramente o Rei que devia vir ao mundo e reunir todas as nações, dos mais longínquos cantos do planeta, na Jerusalém nova que é a Igreja.

Isaías profetizou e nós vemos a sua profecia se cumprir. “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor.” O profeta convida a cidade a colocar-se de pé, porque apareceu sobre ela o Senhor. Meus irmãos, somos a Jerusalém nova. Devemos nos colocar de pé, como o Ressuscitado está de pé à direita de Deus, porque o Senhor que é nossa luz chegou. Apareceu sobre nós a glória do Senhor. “Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti”.

Como precisamos tomar consciência do sentido que essa palavra tem no hoje da nossa vida. De fato, Cristo se manifestou como luz para nos arrancar das trevas, mas como ainda vivemos na aurora, ou seja, num tempo em que vemos a luz, mas ainda ofuscada pelas trevas, como ainda não estamos na glória da visão plena, ficamos muitas vezes envolvidos nas trevas e em meio a nuvens escuras. Cada um aqui sabe o nome das trevas nas quais se vê envolvido. As trevas chamam-se descrença, desesperança, perda de sentido. Somos atraídos pelo mundo e quase que engolidos pelas suas espessas e escuras nuvens. Mas, hoje a Palavra de Deus nos atravessa como uma flecha e nos diz que sobre nós apareceu o Senhor, e Sua glória se manifestou sobre nós. Se assim é, nós nos alegramos, porque quando o Senhor se levanta, que inimigos ousam combatê-lo? Se a sua luz, que é como o Sol, brilha, que trevas ainda podem existir? Sintamo-nos defendidos pelo Senhor e iluminados por sua luz, que já na ambiguidade deste mundo afasta de nós as trevas e na realidade do mundo que virá apagará definitivamente todo e qualquer vestígio de trevas que ainda subsistir em nós. Sim, essa palavra nos lembra e aponta também para a realidade celeste. João se utiliza desta profecia para descrever o encontro do Cordeiro com a Igreja, sua esposa. Na Jerusalém celeste não existe lâmpada, nem templo, porque a sua luz, o seu Templo é o Cordeiro. Esta luz no altar nos lembra a luz pura de Cristo que nos iluminará quando o vermos não mais sob o véu dos sacramentos. Este Templo é sacramento do próprio Senhor, que é o Templo verdadeiro que ornamenta a cidade verdadeira, a Jerusalém celeste, para a qual nos dirigimos apressados.

Enquanto vivemos neste mundo devemos refletir a luz d’Aquele que se manifestou a nós e nos iluminou. O profeta diz a respeito de Jerusalém que “os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora.” A Igreja, qual nova Jerusalém, é chamada a ser para os homens deste mundo um sinal de luz. No meio de nós está aquele que é a própria luz, “Luz da Luz” como rezaremos no Credo. Iluminados por sua luz, iluminemos os outros. Sejamos como a estrela que guiou os magos. Iluminada pela luz do verdadeiro Astro guiou-os até Aquele que era a fonte da sua luz. Sejamos também nós, para os irmãos, reflexo da luz bendita que vem do Senhor.

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