A formação do músico católico é fundamental e a pedra principal é sua obediência e concordância litúrgica.
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terça-feira, 18 de novembro de 2014

CRISTO REI DOS REIS

Durante o anúncio do Reino, Jesus nos mostra o que este significa para nós como Salvação, Revelação e Reconciliação ante a mentira mortal do pecado que existe no mundo. Jesus responde a Pilatos quando pergunta se na verdade Ele é o Rei dos judeus: "Meu Reino não é deste mundo. Se meu Reino fosse deste mundo, meus súditos teriam combatido para que não fosse entregue aos judeus. Mas meu Reino não é daqui" (Jo 18, 36). Jesus não é o Rei de um mundo de medo, mentira e pecado, Ele é o Rei do Reino de Deus que traz a salvação e que nos conduz.

Cristo Rei anuncia a Verdade e essa Verdade é a luz que ilumina o caminho amoroso que Ele traçou, com sua Via Crucis, para o Reino de Deus. "Tu o dizes: eu sou rei. Para isso nasci e para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade escuta minha voz." (Jo 18, 37) Jesus nos revela sua missão reconciliadora de anunciar a verdade ante o engano do pecado. Assim como o demônio tentou Eva com enganos e mentiras para que fora desterrada, agora Deus mesmo se faz homem e devolve à humanidade a possibilidade de retornar ao Reino, quando qual cordeiro se sacrifica amorosamente na cruz.

Por que Jesus Cristo é Rei?

Desde a antiguidade se chamou Rei a Jesus Cristo, em sentido metafórico, em razão ao supremo grau de excelência que possui e que lhe eleva entre todas as coisas criadas. Assim, diz-se que:
  • Reina nas inteligências dos homens porque Ele é a Verdade e porque os homens precisam beber Ele receber obedientemente a verdade;
  • Reina nas vontades dos homens, não só porque nele a vontade humana está inteira e perfeitamente submetida à santa vontade divina, mas também porque com suas moções e inspirações influi em nossa livre vontade e a acende em nobres propósitos;
  • Reina nos corações dos homens porque, com sua elevada caridade e com sua mansidão e benignidade, faz-se amar pelas almas de maneira que jamais ninguém —entre todos os nascidos — foi nem será nunca tão amado como Cristo Jesus.
Entretanto, aprofundando no tema, é evidente que também em sentido próprio e estrito pertence a Jesus Cristo como homem o título e a potestade de Rei, já que do Pai recebeu a potestade, a honra e o reino; além disso, sendo Verbo de Deus, cuja substância é idêntica a do Pai, não pode ter pouco comum com ele o que é próprio da divindade e, portanto, possuir também como o Pai o mesmo império supremo e muito absoluto sobre todas as criaturas.

Agora bem, que Cristo é Rei o confirmam muitas passagens das Sagradas Escrituras e do Novo Testamento. Esta doutrina foi seguida pela Igreja –reino de Cristo sobre a terra- com o propósito celebrar e glorificar durante o ciclo anual da liturgia, a seu autor e fundador como a soberano Senhor e Rei dos reis.

No Antigo Testamento, por exemplo, adjudicam o título de rei a aquele que deverá nascer da estirpe do Jacó; que pelo Pai foi constituído Rei sobre o monte santo de Sião e receberá as pessoas em herança e em posse os limites da terra.

Além disso, prediz-se que seu reino não terá limites e estará enriquecido com os dons da justiça e da paz: "Florescerá em seus dias a justiça e a abundância de paz... E dominará de um mar a outro, e de um até o outro extremo do círculo da terra".

Por último, aquelas palavras de Zacarias onde prediz o "Rei manso que, subindo sobre uma burra e seu filhote", tinha que entrar em Jerusalém, como Justo e como Salvador, entre as aclamações das turfas, acaso não as viram realizadas e comprovadas os santos evangelistas?

No Novo Testamento, esta mesma doutrina sobre Cristo Rei se acha presente do momento da Anunciação do arcanjo Gabriel à Virgem, pelo qual ela foi advertida que daria a luz um menino a quem Deus tinha que dar o trono de Davi, e que reinaria eternamente na casa de Jacó, sem que seu reino tivesse fim jamais.

O próprio Cristo, logo, dará testemunho de sua realeza, pois ora em seu último discurso ao povo, ao falar do prêmio e das penas reservadas perpetuamente aos justos e aos maus; ora ao responder ao governador romano que publicamente lhe perguntava se era Rei; ora, finalmente, depois de sua ressurreição, ao encomendar aos apóstolos o encargo de ensinar e batizar a todas as pessoas, sempre e em toda ocasião oportuna se atribuiu o título de Rei e publicamente confirmou que é Rei, e solenemente declarou que lhe foi dado todo poder no céu e na terra.

Mas, além disso, que coisa haverá para nós mais doce e suave que o pensamento de que Cristo impera sobre nós, não só por direito de natureza, mas também por direito de conquista, adquirido a custo da redenção? Tomara que todos os homens, bastante esquecidos, recordassem quanto custamos ao nosso Salvador, já que com seu precioso sangue, como Cordeiro Imaculado e sem mancha, fomos redimidos do pecado. Não somos, pois, já nossos, posto que Cristo nos comprou por grande preço; até nossos próprios corpos são membros de Jesus Cristo.

Campos da realeza de Cristo

a) Espiritual

Em várias ocasiões, quando os judeus, e até os mesmos apóstolos, imaginaram erroneamente que o Messias devolveria a liberdade ao povo e restabeleceria o reino do Israel, Cristo lhes tirou e arrancou essa vã imaginação e esperança. Do mesmo modo, quando ia ser proclamado Rei pela multidão, que, cheia de admiração, rodeava-lhe, Ele recusou tal título de honra fugindo e escondendo-se na solidão. Finalmente, na presença do governador romano manifestou que seu reino não era deste mundo. Este reino nos mostra nos evangelhos com tais características, que os homens, para entrar nele, devem preparar-se fazendo penitência e não podem entrar, mas sim pela fé e o batismo, o qual, embora seja um rito externo, significa e produz a regeneração interior. Este reino unicamente se opõe ao reino de Satanás e a potestade das trevas; e exige de seus súditos não só que, separadas suas almas das coisas e riquezas terrenas, guardem ordenados costumes e tenham fome e sede de justiça, mas também que se neguem a si mesmos e tomem sua cruz.

b) Temporal

Cometeria-se um grave engano negar a Cristo-Homem o poder sobre todas as coisas humanas e temporárias, posto que o Pai lhe confiou um direito muito absoluto sobre as coisas criadas, de tal maneira que todas estão submetidas a seu arbítrio. Entretanto, enquanto ele viveu sobre a terra se absteve inteiramente de exercitar este poder, desprezando a posse e o cuidado das coisas humanas, assim também permitiu, e segue permitindo, que os possuidores delas as utilizem.

A festa de Cristo Rei

Papa Pio XI institui a festa de Cristo Rei em 1925 e pediu para que celebrasse no último domingo de Outubro.  Com a reforma litúrgica, essa festa passou a ser comemorada no último domingo do ano litúrgico como ponto de chegada de todo mistério, de modo que todos entendam que Ele é o fim para o qual se dirigem todas as coisas.

Desde o final do século XIX, a Igreja realizava os preparativos necessários para a instituição da festa, a qual foi finalmente designada para o último domingo do Ano Litúrgico, antes de começar o Advento.

Se Cristo Rei era honrado por todos os católicos do mundo, preveria as necessidades dos tempos presente, pondo remédio eficaz aos males que friccionam a sociedade humana, tais como a negação do Reino de Cristo; a negação do direito da Igreja baseado no direito do próprio Cristo; a impossibilidade de ensinar ao gênero humano, quer dizer, de dar leis e de dirigir os povos para conduzi-los à eterna felicidade.

Em um mundo onde prima a cultura da morte e a emergência de uma sociedade hedonista, a festividade anual de Cristo Rei anima uma doce esperança nos corações humanos, já que impulsiona à sociedade a voltar-se para Salvador. Preparar e acelerar esta volta com a ação e com a obra seria certamente dever dos católicos; mas muitos deles parecem que não têm na chamada convivência social nem o posto nem a autoridade que é indigna lhes faltem aos que levam diante de si a tocha da verdade.

Estas desvantagens possivelmente procedam da apatia e timidez dos bons, que se abstêm de lutar ou resistem fracamente; com o qual é força que os adversários da Igreja cobram maior temeridade e audácia. Mas se os fiéis todos compreendem que devem lutar com infatigável esforço sob a bandeira de Cristo Rei, então, inflamando-se no fogo do apostolado, se dedicarão a levar a Deus de novo os rebeldes e ignorantes, e trabalharão corajosos por manter incólumes os direitos do Senhor.

Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo

A celebração da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, fecha o Ano Litúrgico onde meditamos, sobretudo no mistério de sua vida, sua pregação e o anúncio do Reino de Deus.

Esta festa celebra Cristo como o Rei bondoso e singelo que como pastor guia a sua Igreja peregrina para o Reino Celestial e lhe outorga a comunhão com este Reino para que possa transformar o mundo no qual peregrina.

A possibilidade de alcançar o Reino de Deus foi estabelecida por Jesus Cristo, ao nos deixar o Espírito Santo que nos concede as graças necessárias para obter a Santidade e transformar o mundo no amor. Essa é a missão que lhe deixou Jesus à Igreja ao estabelecer seu Reino.

Pode-se pensar que somente se chegará ao Reino de Deus após passar pela morte mas a verdade é que o Reino já está instalado no mundo através da Igreja que peregrina ao Reino Celestial. Justamente com a obra de Jesus Cristo, as duas realidades da Igreja -peregrina e celestial- enlaçam-se de maneira definitiva, e assim se fortalece a peregrinação com a oração dos peregrinos e a graça que recebem por meio dos sacramentos. "Quem é da verdade escuta minha voz."(Jo 18, 37) Todos os que se encontram com o Senhor, escutam seu chamado à Santidade e empreendem esse caminho se convertem em membros do Reino de Deus.

"Por eles eu rogo; não rogo pelo mundo, mas pelos que me deste, porque são teus, e tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu, e neles sou glorificado. Já não estou no mundo; mas eles permanecem no mundo e eu volto para ti. Pai santo guarda-os em teu nome que me deste, para que sejam um como nós. Não peço que os tires do mundo, mas que os guarde do Maligno. Eles não são do mundo como eu não sou do mundo. Santifica-os na verdade; a tua palavra é verdade." (Jo 17, 9-11.15-17)

Esta é a oração que recita Jesus antes de ser entregue e manifesta seu desejo de que o Pai nos guarde e proteja. Nesta oração cheia de amor para nós, Jesus pede ao Pai para que cheguemos à vida divina pela qual se sacrificou: "Pai santo, cuida em seu nome aos que me deste, para que sejam um como nós". E pede que apesar de estar no mundo vivamos sob a luz da verdade da Palavra de Deus.

Assim Jesus Cristo é o Rei e o Pastor do Reino de Deus, que nos tirando das trevas, nos guia e cuida em nosso caminho para a comunhão plena com Deus Amor.

Os melhores frutos

Quais são os frutos que para o bem da Igreja e da sociedade civil nos promete a pública comemoração de culto a Cristo Rei?

a) Para a Igreja

Com efeito: tributando estas honras à soberania real de Jesus Cristo, recordarão necessariamente os homens que a Igreja, como sociedade perfeita instituída por Cristo, exige —por direito próprio e impossível de renunciar— plena liberdade e independência do poder civil; e que no cumprimento do ofício encomendado a ela por Deus, de ensinar, reger e conduzir à eterna felicidade a quantos pertencem ao Reino de Cristo, não podem depender do arbítrio de ninguém.

Mais ainda: o Estado deve também conceder a mesma liberdade às ordens e congregações religiosas de ambos os sexos, as quais, sendo como são muito valiosos auxiliares dos pastores da Igreja, cooperam grandemente ao estabelecimento e propagação do reino de Cristo, já combatendo com a observação dos três votos a tríplice concupiscência do mundo, já professando uma vida mais perfeita, mercê a qual aquela santidade que o divino Fundador da Igreja quis dar a esta como nota característica dela, resplandece e ilumina, cada dia com perpétuo e mais vivo esplendor, diante dos olhos de todos.

b) Para a sociedade civil

A celebração desta festa, que se renovará cada ano, ensinará também às nações que o dever de adorar publicamente e obedecer a Jesus Cristo não só obriga aos indivíduos, mas também aos magistrados e governantes.

A estes trará para a memória o pensamento do juízo final, quando Cristo, nem tanto por ter sido arrojado do governo do Estado quanto também até por só ter sido ignorado ou menosprezado, vingará terrivelmente todas estas injúrias; pois sua régia dignidade exige que a sociedade inteira se ajuste aos mandamentos divinos e aos princípios cristãos, ora ao estabelecer as leis, ora ao administrar justiça, ora finalmente ao formar as almas dos jovens na sã doutrina e na retidão de costumes. É, além disso, maravilhosa a força e a virtude que da meditação destas coisas poderão tirar os fiéis para modelar seu espírito segundo as verdadeiras normas da vida cristã.

c) Para os fiéis

Porque se a Cristo nosso Senhor foi dado todo poder no céu e na terra; se os homens, por terem sido redimidos com seu sangue, estão sujeitos por um novo título a sua autoridade; se, enfim, esta potestade abraça a toda a natureza humana, claramente se vê que não há em nós nenhuma faculdade que se separe de tão alta soberania. É, pois, necessário que Cristo reine na inteligência do homem, a qual, com perfeito acatamento, tem que assentir firme e constantemente às verdades reveladas e à doutrina de Cristo; é necessário que reine na vontade, a qual tem que obedecer às leis e preceitos divinos; é necessário que reine no coração, o qual, pospondo os efeitos naturais, tem que amar a Deus sobre todas as coisas, e só a Ele estar unido; é necessário que reine no corpo e em seus membros, que como instrumentos, ou em frase do apóstolo São Paulo, como armas de justiça para Deus(35), devem servir para a interna santificação da alma. Todo o qual, se propuser à meditação e profunda consideração dos fiéis, não há dúvida que estes se inclinarão mais facilmente à perfeição.

Boa Festa de Cristo Rei, e um feliz Ano Novo Litúrgico!

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